domingo, 21 de fevereiro de 2010

Notícia sobre um crime de honra na Turquia

O crime de honra é um acto cometido por famílias que se sentem desonradas. O caso referido na notícia é de uma jovem turca de 16 anos que foi vítima de um crime de honra por ter falado com rapazes. Enterraram-na viva num burraco de dois metros atrás do galinheiro da sua casa estando ela consciente daquilo que lhe estavam a fazer.

Buraco no qual a rapariga foi encontrada

O corpo da rapariga foi encontrado, após uma denúncia anónima, com as mãos atadas e sentado. Desconfia-se que esta denúncia tenha sido feita por um membro arrependido da família ou um vizinho. O exame do cadáver indica que a jovem continha uma grande quantidade de terra nos pulmões e no estômago o que permite afirmar que ela foi enterrada ainda viva. Não havia, porém, sinais de feridas no seu corpo. A rapariga já tinha sido dada como desaparecida há 40 dias e a justificação que se dá para o crime é a defesa da sua "honra". O pai da rapariga disse que ela tinha sido vista a conversar com rapazes e que a família era infeliz por causa disto. A polícia turca, apercebendo-se que estava perante um crime de honra, deteu o pai e o avô da jovem. Estes foram então presos e mantidos sob custódia, enquanto esperam julgamento, ambos são acusados pelo assassinato.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

"Queimada Viva"

Quando o amor antes do casamento é sinónimo de morte.

Resumo:

Souad tinha dezassete anos e apaixonou-se. Na sua aldeia da Cisjordânia, como em tantas outras, o amor antes do casamento era sinónimo de morte. Ficou grávida e o cunhado encarregou-se, a mando dos pais dela, de executar a sentença: regá-la com gasolina e chegar-lhe fogo. Ela foi terrivelmente queimada mas, por sorte, conseguiu sobreviver. No hospital para onde foi levada recusaram-se a tratá-la como devia ser feito, por causa da tal desonra que ela tinha cometido, e a própria mãe tentou assassiná-la dando-lhe água com veneno. Durante a sua estadia no hospital, onde nasceu o filho, foi visitada por Jaqueline, que pertencia a uma fundação suíça intitulada "A Surgir", que apoia mulheres maltratadas em qualquer parte do mundo, que salvou-a tirando-a daquele país. Jaqueline traz Souad para a Europa, onde é tratada das suas graves queimaduras. Depois de vários tratamentos e operações, Souad sobrevive e constitui uma família. Contudo, esta passagem horrível da sua vida continua a atormentá-la e as queimaduras do seu corpo são um enorme complexo para ela.

Souad transcreveu a sua vida neste livro, com o intuito de dar a conhecer as barbaridades desta prática. No livro não são identificados nem nomes nem a aldeia em que vivia para tentar peservá-la, pois como o "atentado" à honra da sua família é um crime que ainda não se prescreveu, ela corre sérios perigos de vida.

Um testemunho comovente e aterrador, mas também um apelo contra o silêncio que cobre o sofrimento e a morte de milhares de mulheres.

Algumas passagens:

"Sou uma rapariga, e uma rapariga... não deve erguer o olhar nem desviá-lo para a direita ou para a esquerda enquanto caminha, porque se os seus olhos se cruzam com os de um homem, toda a aldeia lhe chamará charmuta."

"Uma rapariga tem de estar casada para olhar em frente"

"...na minha aldeia nascer rapariga é uma maldição..."

"Um dia sem pancada não era normal."

"a nossa vida quotidiana era uma morte possível, dia após dia..."

"A minha memória desfez-se em fumo no dia em que o fogo se abateu sobre mim"